(...) Haverá horas que você precisará de alguma reclusão para
sobreviver. Vai ser só você e tua
clausura. E talvez algum sussurro da brisa que penetre pelas janelas de teu ser.
No mais, será apenas o silêncio da tua alma. Todo pensamento será indigente
nessa hora. Vagará sem rumo e medroso, como se em toda fresta do reboco da
parede de teu templo inconcluso houvesse o pior dos monstros, faminto e à
espreita para te devorar. Mas o medo dessa fósmea insana será uma questão de tempo, pois certamente
chegará aquele sopro mais forte que fará remexer a poeira de teus dias,
derrubará teus utensílios inúteis, baterá as folhas de todas as portas e janelas
entreabertas em tua vida. Você então
despertará da letargia, se espreguiçará e talvez até se assustará um pouco, sem
saber exatamente onde está. Mas logo tomará de novo o prumo, o esquadro, o
compasso, a régua, a alavanca, o maço e o cinzel, instrumentos de tua
existência, e voltará ao trabalho eterno.
E tudo voltará a ser justo e perfeito novamente. Que assim seja! (...)
by Marcos Gimenes Salun (09.04.2013)
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