DESPEDIDAS E BORBOLETAS


(...) Despedidas são coisas complicadas. Nunca dá para prever exatamente quando devem acontecer. Então acontece o que já se sabe: não deu tempo, especialmente quando as despedidas são repentinas. Fica o vazio do beijo não dado, da palavra de carinho que não se disse, da frustração de ter deixado alguém ir embora sem esse último instante de presença, proximidade, carinho... E ás vezes tudo isso é para sempre. Mesmo quando as despedidas são previsíveis, os beijos e palavras carinhosas acabam ficando para algum outro momento incerto, se houver. Por isso que eu amo borboletas. Elas conseguem pairar sobre todos os momentos solitários das despedidas, mesmo aqueles momentos que já não teriam a menor possibilidade de existir.  Aí elas pairam, com seu voo incerto e fugaz, pousam com sua leveza sublime e atrevida, e então beijam  suavemente a flor. Depois partem novamente para seus caminhos incertos. (...)
© Marcos Gimenes Salun

Um comentário: