(...) Um lenitivo pode amenizar dores e propiciar conforto para um
lapso de sofrimento que alguém não esperava sentir. O alívio dado à aflição é sempre bem-vindo.
Não porque o consolo seja, em si, o bálsamo que se esperava nesse momento
angustiante que a dor contém. Mas simplesmente pelo gesto de apreço que se
pressupõe. A diminuição da fadiga que esse
gesto infringe à dor é por si o grande alívio imediato que se possa querer.
Muitas vezes essa cura mágica está em pequenos momentos em que se pode ouvir
alguém desabafar suas dores, extravasar seus sentimentos aflitivos ou chorar
algumas poucas lágrimas que só quem verte sabe a razão. Bálsamos são assim
mesmo. Quase sempre se confundem aos placebos. Só que são efetivamente muito
mais eficazes e valiosos. (...)
© Marcos Gimenes Salun
© Marcos Gimenes Salun
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