HORIZONTES


(...) Certa vez perdi o medo de horizontes. Então passei a sentar-me na beirada dos dias e a ficar mirando o decote das tardes. Imaginava o lá longe. Tinha dias que era mar, mas eu nunca cheguei a ouvir o chiado do sol mergulhando.  Ele se alaranjava e lá mergulhava, num silêncio de nada se ouvir. Só depois é que vinha a voz de alguma estrela. E tinha outros dias que era no vão dos seios das montanhas, bem no lá longe, que o sol ia dormir. Que haveria por lá? Eu mirava aquilo tudo que não entendia direito. Mas já não tinha medo. Pois se era para lá que o sol ia toda tarde e sempre voltava no dia seguinte, para que ter medo de horizontes?  (...)
© Marcos Gimenes Salun

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